Incertezas

Céus, como se torna dolorosa esta passagem. O tempo pára, consigo ouvir o tic tac de um telemóvel, mesmo não vendo as suas peças a funcionarem. Como poderia eu, se nem as minhas próprias peças funcionam? Velhas, refundidas no vácuo que se forma no meu peito. Pressiona-lo, desgasta-lo. Maltrata-lo.
Cada palavra é mais um castigo, cada pensamento uma ameaça proibida. Desilusões misturam-se com esperanças que logo se transformam em falsas expectativas. Pergunto àquela flor eterna num saquinho de plástico o que será dela, de mim, de nós as duas tão desprotegidas ao sabor da tempestade e do tormento. As celeumas que se formam nas vozes cantadas em tempestades, piores que tormentos passados.
Ocupar, ocupar o espaço, a mente, a eternidade, o infinito, as letras infindáveis da minha mente, o oito… Invertê-lo e converter numa interminável equação da vida para a qual a solução não é minha. Será que é de alguém? Mesmo que seja, não oiço as respostas. Oiço poucas confissões, segredos ou realidades para ser confrontada com a escuridão de almas que se desfazem em picos de gelo prontos a atacar-me.
Onde estão as barreiras? As barreiras da alma, aquelas que julgava impenetráveis mas que se revelaram tão fracas na entrega. O meu coração é esmagado, jorrado em sangue num pântano no qual as restantes feridas abertas sangram sem ter mais por onde chorar.
Mas eu irei continuar a dançar, a dançar até a música infernal se estender aos fins da vida.
Ou até que alguém vire o disco e a balada seja outra. A minha espera mantém-se.

Shiva in Exile – Belt of Fate

http://www.youtube.com/watch?v=MF4WC32Q6uI

sábado, 23 de janeiro de 2010

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